Porque eu sou uma menina como uma borboleta e tenho uma voz infantil, já recebi poemas, musicas e até declarações de joelho prometendo amor, mas não devo bater pino.
E porque eu sou uma menina como uma borboleta e chorei baixinho no aeroporto porque era a primeira vez que ia embarcar e estava sozinha numa multidão de estranhezas. E porque se eu sonho que alguém me passou para trás, no dia seguinte não consigo olhar na cara dessa pessoa, mesmo sabendo que ela não tem culpa de eu ser assim tão subliminar. E porque eu tenho um rosto que todos elogiam, mesmo quando meu cabelo está pior que o dá medusa, e sou desastrada, e só consigo falar rápido, ficando até chato de tantas vezes que tenho que repetir para a pessoa entender.
E porque eu sou uma menina como uma borboleta e corro apoiando as palmas da mão no vento, e porque quando eu canto até mato os mosquitos de tanto que desafino e acordo antes do sol nascer cantando que nem uma maluca só para as despertar as minhas irmãs. E porque eu tenho uma cadela chamada Frida e falo dos meus problemas para ela, mas ela só quer saber de passar a patinha pedindo mais carinho, e então eu mando ela sair, mas depois fico com dó e volto com carinho.E porque eu sou uma menina que não enxerga muito bem de longe, mas morre de vergonha se ficarem me olhando muito de perto, ruborizando até na alma. E porque eu sou uma menina como uma borboleta e cativo pelo meu jeito e adoro torta de limão que lhe peço apenas a sua amizade.
E sendo eu uma menina como uma borboleta, peço apenas que não me eleve ao grau inatingível, pois sou tão igual quanto todos, embora não cometa os mesmo erros, cometo outros e gosto de voar atrás da liberdade. E porque eu sou a única menina como uma borboleta que você conhece ajudarei a cultivar um jardim inteiro, para que outras possam aparecer e para que a Frida possa correr entre elas latindo para lhes pedir carinho. Porque eu rezo, torço e acredito em um mundo melhor e sobre tudo porque eu sou uma menina como uma borboleta.
Autora: Laís Reis
*Estilismo com o poema de Vinicius de Moraes – Para uma menina como uma flor
